Que vida atarefada. Não tenho tempo para nada, nem para mim nem para os outros. É uma rotina de casa - hospital, hospital - casa, entre mil páginas diárias para estudar e trabalhos intermináveis para fazer, para não falar do cansaço associado ao trabalho. Aliás, mesmo quando não faço nada chego a casa de rastos, sem paciência para nada (porque já gastei toda a minha paciência no hospital), sem paciência para conversar, para sair com amigos, para cozinhar, nada.
Por isto e por mais algumas coisas, ás vezes penso que escolhi o curso errado, a profissão errada para o tipo de vida que quero ter. E ainda me acredito mais nisso quando vejo noticias sobre greves e sobre a desvalorização que o país nos dá. Quando me perguntam se quero emigrar, sou logo a primeira a dizer que não. Tudo bem que a vida cá não está fácil, mas lá também tenho a certeza que não iria ser feliz. Prefiro uma mão cheia de dinheiro e ser feliz do que duas mãos cheias e não o ser, para não falar dos quilómetros de distância a que estamos sujeitos para visitar os nossos familiares.
Gostava de ter uma profissão que me enchesse as medidas. Na enfermagem existem algumas lacunas.
Gosto de acordar e preparar-me para o dia maravilhoso que é, gosto de me arranjar de cima a baixo, vestir-me bem e essas coisas de que todas as mulheres gostam, mas não dá. Outra lacuna é os horários. Trabalhar por turnos é uma coisa que não faz parte de mim. Já o fiz e sei do que falo. Como é possível criar uma família assim? Sem horas para nada? E com folgas rotativas? Em enfermagem é assim, e para ser sincera já pensei menos em tirar outra licenciatura.
Sempre estive dividida entre duas licenciaturas, enfermagem e gestão. E estou a pensar seriamente em acabar este curso e ir tirar o outro. Para ficar realizada profissionalmente. Além do mais, depois de acabar o curso tempo é o que não me vai faltar.
Por agora, vou me focar neste. E depois logo se vê, mas cada vez mais tenho a certeza de que é isto que quero fazer. É o melhor para mim e é o melhor para o meu futuro.
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